terça-feira, 26 de novembro de 2013

Domingo com Lutoslawski... quebra tudo meu cumpadiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii...

Domingo passado resolvemos assistir a um concerto da Orquestra Sinfônica da USP (OSUSP) lá na Sala São Paulo, antiga Estação Júlio Prestes, um lugar lindo de dar gosto.

Como sempre, encontramos alguns espécimes bem peculiares [não tanto como nos concertos da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP) - nesses sim dá pra ver as velhas senhoras - aquelas que já morreram mas esqueceram de deitar no caixão - perambulando com todas as joias da família no pescoço].

Enfim, é sempre interessante ver a elegância - e também a falta de - do pessoal que frequenta esses concertos. Dependendo do dia da semana, aquilo pode parecer um desfile de coisas raras, ou pior...

Chopin
Mas enfim, deixando os frequentadores de lado, o Concerto, sob a regência do Maestro Wagner Polistchuk, apresentou peças de três poloneses: Frederic Chopin (1810-1849), Jan Ignace Paderewski (1860-1941) e Witold Lutoslawski (1913-1994). 

A primeira peça: Frederic Chopin. Polonaise, Op. 40, nº 01 em Lá Maior, Militar, 04', composta em 1838. Das três, a peça de Chopin - a mais antiga e mais curta - tinha um ar mais animado, quase Disney. Violinos e violoncelos ressoando harmonicamente pelo salão. Leveza e alegria em notas musicais. Me senti dentro daqueles desenhos que povoaram nossa infância, princesas em longos vestidos, castelos encantados, príncipes, pássaros risonhos e sapos saltitantes por entre bosques coloridos. Um alento aos ouvidos.

Paderewski
A segunda peça: Jan Ignace Paderewski. Concerto para piano em Lá Menor, Op. 17, 33', composta em 1888. O solista convidado foi o premiado Marian Sobula, um polonês bonachão de feições sorridentes. Apesar do brilhantismo do pianista, essa peça fez muitas pessoas desistirem de continuar no concerto. Depois do intervalo, vários dissidentes foram encontrados saindo do prédio. Uma peça devagar quase parando, que tirou muitos bocejos dos presentes [inclusive meus, muitos meus na verdade]. Foi agradável, mas sonolento...

No intervalo fomos obrigados a recorrer ao bom e velho café expresso. Nesse momento eu estava um pouco preocupada, afinal estávamos exatamente no meio da terceira fila - nas barbas do maestro, e nesse local qualquer cochilo pode ser facilmente notado pelos concertistas, atitude completamente contrária à boa etiqueta... e sinceramente eu não estava querendo dar um show à parte com roncos lancinantes em dó maior sustenido.

Lutoslawski
Mas enfim começou a terceira peça: Witold Lutoslawski. Concerto para Orquestra, 20', composta entre 1950 e 1954. Já de início, deu para notar que quem foi embora perdeu muito. De longe, essa foi a surpresa da noite. De repente estávamos dentro de uma alucinante perseguição policial. Dava para fechar os olhos e ver nitidamente, como num filme, aquela ação toda se desenrolando dentro da sua cabeça. Algum aflito tentando, desesperadamente, esconder-se dentro da mata. Escuridão. Almas atormentadas. Perturbação. Em alguns momentos cheguei a ficar sem fôlego. Se alguém se atrever a fazer um filme baseado nesse concerto, será sucesso na certa. Era tudo tão incrível e retumbante, que foi difícil não se assombrar e adorar.

Houve momentos em que tive certeza, Lutoslawski queria judiar dos instrumentos. Acho que enquanto compunha esse concerto, ele pensava: Agora é pra quebrar tudo!!!

Uma hora pensei que o pessoal do violoncelo iria levantar e quebrar os instrumentos como os roqueiros enlouquecidos. Os violinos não ficaram atrás. Até a crina do arco de um deles arrebentou. O pessoal da percussão então... pareciam que iriam furar os tambores. Bum, bum, buuuuuummmmmm.

Incrível!!! Dava gosto de ver e escutar...

Imagino que para os músicos deva ser uma verdadeira provação tocar uma peça desse estilo [contemporâneo segundo me disseram]. 

No saldo geral, Lutoslawski deu um show sim senhor, coisa linda de ver...

Só sei que quem não foi, devia ir... é de arrepiar os pelinhos da nuca.


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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Orgulho de ser brasileiro... Hummmmmmm...

(na Terra da Garoa num calor miserável, literalmente cozinhando no bafo...)

Brasileiro que é brasileiro não gosta de ninguém falando mal do Brasil, a não ser que o maldizente também seja brasileiro... Aí é só dar as mãos e reforçar a insatisfação nacional.

Pois é, eu não queria falar, mas não tem jeito. Minha indignação é tão grande que não dá pra ficar calada.

Para o ano de 2014, como preciso anotar inúmeros compromissos em local de fácil acesso (e gosto das coisas à moda antiga - papel e caneta), resolvi comprar a agenda anual da Moleskine, versão pocket. Muito bem, escolhida a agenda, lá vamos nós atrás da bendita... 

Livraria Cultura só tinha a versão 2013 - da qual eu não preciso - e a versão 2014 com um Jedai em relevo na capa - por módicos R$101,00 (uma fortuna!!!).

Livraria Saraiva só tem para venda online, e de capa vermelha, por mais módicos ainda R$ 129,00... ulalá...

Uma outra livraria, que até esqueci o nome, apresentou a agendinha pela pechincha de R$ 179,00... quase caí pra trás!!!

Puxa, como pode uma agendinha pocket ser tão cara???

Triste em razão do cenário nada promissor para o meu bolso, Luiz resolveu procurar a agenda no site da Amazon norte americana e tchanannnnnnnnn... Lá estava ela por US$ 16,71... o que convertendo para reais (cotação de hoje: R$ 2,30), equivaleria a R$ 38,43.

De mais de 100 para 38, já foi uma boa caminhada né?

Mas ainda temos o frete... Sei que ao todo a compra ficou em torno de US$ 24,00, o que equivale hoje a R$ 55,00. Dá pra acreditar???? Não!!!

Para uma agendinha, eu ainda acho R$ 55,00 bem salgadinho, mas eu estava de olho nela desde o ano passado e ela me acompanhará pelo o ano inteirinho... e mesmo importando a bendita da terra do Tio Sam, ainda assim pagarei mais da metade do preço que as lojas cobram aqui no Brasil para um produto que será enviado para minha humilde residência de avião via vôo internacional (a agenda é mais chic que eu)!!!! 

Essa é a hora de soltar aquele: Que puuuuuxa!!!

Porém, não quero dizer que isso tudo é somente culpa dos impostos, porque não é. Uma boa parte da culpa é sim da carga tributária (e põe boa nisso), mas a outra é de quem realmente acha que brasileiro tem um adesivo escrito "otário" colado bem no meio da testa.

É ou não é para se envergonhar de ser brasileiro???
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