domingo, 19 de dezembro de 2010

E a Guerra Civil Espanhola, alguém sabe o que aconteceu?

A república espanhola surgiu a partir da queda da monarquia, que hoje é uma espécie de figura decorativa no país. Por causa da crise econômica que assolava o mundo no início do século XX, a situação por lá não era das mais confortáveis.

Na verdade, de confortável não tinha nada. Era o caos, greves, combates de rua e excessos anticlericais da Frente Popular de esquerda aconteciam a todo momento. O general Franco, militar antirepublicano, que nesta época estava no Marrocos, decidiu que era hora de agir. Assim, colocou sua farda fascista, inflamou suas tropas e, com ajuda da Alemanha e Itália, invadiu a Espanha ocupando metade do país.

Seu objetivo era chegar em Madrid, o que lá pela segunda metade da década de 30, sem os carros potentes de hoje em dia, devia ser bem complicado. Franquinho até que estava indo bem, porém, ele não contava com a astúcia de quem? De quem? De quem??? Do Chapolin Colorado??? Nãooooo... Dos soviééééticos, que cortaram o seu barato. 

Os populares amedrontados notaram que as forças republicanas da época eram uma verdadeira piada. Por isso, resolveram fazer algo contra o fascismo. Montaram comitês locais de defesa dos próprios operários e camponeses, que tinham como líderes anarquistas, socialistas ou comunistas, dependendo da região.


Devia mesmo ser no mínimo interessante ver toda essa movimentação. 

Mas acontece que os comitês começaram a exagerar na dose, assassinando violentamente tudo o que passava pela frente, sob a desculpa de serem todos seus opositores. Eles espalhavam medo e terror por onde quer que passassem, aterrorizando principalmente as igrejas (*).

Com essa bagunça toda, enquanto a barbárie se intensificava, o governo liberal da época foi substituído pela coalizão social-comunista. Até o poeta García Lorca foi vítima deste descontrole nacional. 

A primeira parte do século XX realmente foi uma época conturbada. Por isso, os imigrantes, intelectuais, democratas e literatos ocidentais, frustrados pela impotência da democracia diante de Hitler e Mussolini, vislumbraram aí uma oportunidade de combater o fascismo pessoalmente, ingressando nas brigadas internacionais apoiadas pelos republicanos.

A história sobre a Guerra Civil Espanhola relata a crueldade da epopéia antifascista, repleta de mortes, torturas, medo, diversidade, idealismo e amor pela Espanha.

Um dos livros mais famosos sobre o assunto foi o romance de Ernest Hemingway, Por quem os sinos dobram, que eu ainda não li, mas que está na minha lista há muito tempo.

Franco, no final, ganhou a guerra com a ajuda da Alemanha e da Itália. Os Alemães eram os mais entusiasmados, fornecendo uma première de horror e desolação, da qual eles mesmos foram vítimas um tempinho depois, no final da 2ª Guerra Mundial, em escala milhões de vezes maior.

Os Alemães, simpáticos como eles só, bombardearam a cidade basca de Guernica somente para que seus pilotos adquirissem um pouco de experiência prática... afinal, só na teoria ninguém aprende nada, não é mesmo???

Picasso, impressionado pelo ocorrido, documentou essa atrocidade no quadro Guernica


Meu pai ainda não era nascido nesta época, ele veio ao mundo bem no finalzinho da 2ª Grande Guerra e diz que a comida européia do período era muita batata, repolho e ovo... : (
   

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Nos tempos do professor Tibúrcio...

Há tempos não entrava no tal do Twitter para ler todas aquelas mensagens de até 140 caracteres. Mas essa semana resolvi ler e encontrei algo que mereceu um post...

Li a seguinte afirmação, cuja autoria decidi não revelar:
"Acho infinitamente melhor ser criança hoje do que na minha época, na dos meus pais ou dos meus avós. Sem comparação!"
Pois é, ser criança nos dias de hoje deve mesmo ser melhor do que na nossa época, na época de nossos pais e dos nossos avós, pois é tanta liberdade que as crinças hoje podem bater nos professores, dar facadas nos coleguinhas, levar arma de fogo na hora do recreio e ninguém acha que é o fim dos tempos...

Deve mesmo ser melhor crescer nos dias de hoje, quando se tem tanta variadade de brinquedos que não se sabe dar valor ao que se tem... quando as crianças recebem aquela lembrança, olham pra tua cara, não falam obrigado e abandonam o brinquedo 2 segundos após.

Definitivamente, é melhor ser criança hoje, pois os pais, não querendo a preocupação de educar uma alma nova, deixam o bambino 15 horas por dia na frente do Nitendo Wiiiiiii ou do computador.

É absolutamente correto afirmar que é melhor ser criança hoje, quando esses pequeninos sequer sabem o que é respeito aos mais velhos!!!

É mesmo muito melhor ser criança hoje, quando ninguém brinca mais na rua, é perigoso! Pega-pega, esconde-esconde, queimada, barra-manteiga, roba-monte, roba-bigode, taco, vôlei, mês, sela, patins e mais tantas outras brincadeiras estão sendo esquecidas para dar lugar a nintendos, guitar-heroes, psp's e sei lá mais o quê. As crianças presas dentro de casa com seus brinquedinhos particulares, sozinhas, individualistas, egoístas e desatentas.

Ele deve ter razão quando diz que é melhor ser criança hoje, quando pais negligentes fazem todas as vontades do bambino só para se livrar da responsabilidade de dizer não e presenciar aquele ataque de choro ou de fúria dos pequenos chantagistas. "Dá logo o que ele quer, assim ele não chora e eu fico feliz por mais 5 minutos".

Educar pra quê??? Se é mais fácil comprar o silêncio!!!.

É, acho que o autor daquela frase sabe mesmo muito bem o que está dizendo!!!




domingo, 12 de dezembro de 2010

Diário de Bordo Humorista... Deixando os alemães... Encontrando os franceses...

Gente!!!! Essa semana eu achei uma parte do meu diário de bordo... Foi o relato fiel do dia em que me mudei da Alemanha para a França... Eu nem lembrava que tinha escrito isso, quando vi, nem acreditei... Quase caí de dar risada...

Para vocês entenderem, eu fiz minha mudança em março de 2008, num ônibus de viagem, foram mais de 19 horas sentada... aconteceram coisas hilárias...

A título de esclarecimento, vai a legenda: Os "Back Street Humoristas" são os amigos que deixei em solo alemão: Srdjan (o nome dele é assim mesmo, ele é da Sérvia), Pedrinho, Jujú e Clara. A bailarina é uma brasileira que conheci em Düsseldorf e que dança no balé da cidade. Guitarrista desafinada sou eu. Marrocano é marroquino. Dom é a enorme categral de Köln (Colônia). Feuerwehr é bombeiro em alemão e Autobahn é estrada... e acho que isso é tudo... 

Pois bem, e assim foi o meu relato:

Pedrinho:verde;Jujú:azul;Clara:vermelho;Srdjan:preto;e eu
Na hora da partida começou o meu calvário... os “Back Street Humoristas” preocupados com a possibilidade da guitarrista desafinada mudar de idéia. Suor escorrendo pelos colarinhos e eles pensando, rezando, suplicando: “Será que ela vai mesmo?!? Será que existe o perigo dela voltar?!?”.

Calma, amiguinhos... Não será necessário fazer novenas, pedir milagres para Santo Expedito, ir a terreiros de macumba, nem fazer despachos... Eu fui mesmo!!!

Primeira parada: Köln para trocar de balaio. Mas que lixo de Rodoviária, nem me atrevi a sentar nos minúsculos banquinhos laranja, por medo de contrair a febre amarela, a febre verde, a febre roxa ou o que podia ser pior, a febre laranja!!!

Sei lá, né?!? Cada dia aparece uma doença nova... Deus que me livre!!!

Enquanto eu divagava com a possibilidade de contrair a peste negra, passaram-se infinitos 50 minutos. De onde eu estava só conseguia avistar a pontinha do Dom e sentir meu pé doendo por causa da minha maldita bota de €4,95. Isso que dá ser chique, a bota parece que está mastigando o seu pé!!!

Bem, voltamos para o balaio e como num ônibus de viagem não existe nada melhor do que dormir para esquecer a situação decadente em que se encontra, todo mundo começou a se arrumar nas cadeiras, esticar as pernas (na medida do possível), improvisar travesseiros e por aí vai... Como não sou exceção, eu também.

Estou eu lá, pensando na morte da bezerra quando, de repente, não mais que de repente, alguém solta um discreto “pum”... ai, ai, ai... Com certeza o elemento deve ter comido um leitão inteiro no dia anterior... Que fedô!!! Em meio àquele cheiro de urubu em estado de putrefação eu pensei: “Ai meu Deus!!! Agora é o meu fim!!! E a catinga aumentando... Então, já tonta e em completo desespero supliquei: “Oh! E agora, quem poderá me ajudar???”

Esperei, esperei e nada do Chapolin Colorado chegar com a máscara de gás... que decepção!!!!

Poxa! Tinha que colocar uma rolha na retaguarda do indivíduo. Será que esse elemento não tem mais pregas??? Pelas barbas do profeta!!! Isso é um perigo, pode matar uma pessoa.

Juro, eu já queria declarar a 3ª. Guerra Mundial e trucidar todo mundo naquele ônibus... Mas será o Benedito???

Depois que aquele “furdunço” abrandou... ou que nós nos acostumamos com a fedorama, no banco de trás um tiozinho começou a tossir desesperadamente, aquela tosse catarrada... que beleza!!!

Nem se eu tivesse tomado uma caixa inteira de Valium eu conseguiria dormir.

E se já não fosse suficiente, duas alemãezinhas começaram a tagarelar animadamente sobre um monte de bobagens!!! Às vezes, como fazem falta as bombas atômicas...

Parecia muito com esse aí...
Lá pelas duas da manhã paramos no meio do nada francês. Decidi ir ao banheiro... uma verdadeira aventura!!! Logo na primeira cabine tinha aquele buracão no chão que dizia: “Tente fazer pipi aqui... eu vou te pegar!!!”. Como fazer as necessidades naquilo??? Sorte que tinha o de deficientes. Fingi que estava mancando e marchei pra lá... eu é que não iria me arriscar a cair naquele buraco, já pensou que humilhação?!?

Chegamos a Tours 05h55min da manhã (acho que vou jogar no bicho: 55 no cavalooooooo!!!!), eu ainda torta de sono escuto aquela tão temida frase em alemão “Troca de balaio”... 

Nãoooooooooooooooooooooooooooooooo!!!

E pra carregar aquela porcariada toda?!? Nenhuma santa alma se prontificou a me ajudar... ninguém... ninguenzinho!!! Que dificuldade... No bagageiro já levei uma cotovelada no olho, que além de me acordar de vez, me fez pensar que tinha quebrado os óculos.

Depois todo mundo teve que ir ao Bureau pegar um cartão branco, e haja força pra carregar toda aquela tralha. Ordenei pra mim mesma: “Força na peruca humorista!!!”

Então começou a amanhecer e os passarinhos franceses cantando “piue, piue, piue...” com biquinho...

De repente um catarrento de uns seis anos fica preso no banheiro (aqueles que têm que colocar vinte centavos na fechadura para aliviar a natureza)... a mãe do moleque naquele desespero, fumando um cigarro atrás do outro, o fedelho gritando lá de dentro. Até escutei algo sobre Feuerwehr... Aquele circo!

Até que 15 minutos depois o guri resolve tentar abrir a porta por dentro (já que até então, ele só tinha tentado empurrar a porta), e como num passe de mágicas a porta se abre... Catarrento apronta cada uma...

O ônibus só foi sair as 07h09min da matina. Sentei novamente do lado de um marrocano, arabano ou turcano que tinha me acompanhado no primeiro balaio. Essa hora eu já estava caindo, literalmente, de sono e de dez em dez minutos acordava com a boca aberta... imagina a cena... eu dormindo com aquela bocona bem aberta e o marrocano ou sei lá o quê pensando... “nossa, não dava pra fechar a boca”... que cena!!!

Às 10h23min da manha passamos pelo 6° ou 7° pedágio do caminho (juro que já havia esquecido que eles existiam), e eu escutando o meu super-mega-hiper MP3 de 4 Gigas... aí eu escuto a frase do Chico Buarque “procurando bem todo mundo tem pereba, só a bailarina que não tem”, hahahaha... Lembrei da bailarina de Düsseldorf, será que ela tem pereba???

Para minha sorte, o ônibus parou em mais uma cidade no meio do nada e desceram mais alguns passageiros. Pude, então, ter duas poltronas só pra mim... que paraíso. Mas vocês sabem que pobre é fod... né? Só porque agora podia dormir com a bocona bem arreganhada... meu sono tinha ido embora... fiquei fula da vida.
Só me restou escutar música e admirar a paisagem, que em nada se parece com as Autobahn´s da Alemanha.

Última parada... Carrefour... me senti no Brasil. Depois que comprei um Powerade azul, para ver se melhorava o meu cansaço, voltei para o busão e constatei, tristemente, que minha retaguarda estava doída de tanto ficar sentada. A cada minuto ficava mais desesperada para sair daquela caixa de sapatos gigante. A cada placa de Toulouse, renovavam-se as minhas esperanças de sair daquela lata.

Um pouco depois um indiano que viajava no banco da frente começou a comer um sanduíche de salame. Aquele cheirão de salame invadindo a lotação. Descobri que estava faminta e que não tinha levado nada que prestasse para comer e aquele cheiro aumentando... quase pulei no salame do indiano...

O que eu diria? Mãos ao alto... eu vou seqüestrar o seu salame!!! A sorte é que eu sou chique e me controlei... caso contrário, a essa hora, o indiano já estaria sem salame!!!

Ás 14h42min o ônibus parou na Rodoviária de Toulouse... o Humorista estava lá me esperando... e finalmente pude deixar para trás pum´s, cof´s cof´s, bocas arreganhadas, seqüestro de salame e popôs doloridos...

Querido, cheguei!!!

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sábado, 11 de dezembro de 2010

Mickey Mouse e o Rockabilly Rabbit...

Há um tempinho, quando morávamos na terra do croissant, encontramos o sonho de consumo do Mickey Mouse... Com certeza ele ficaria extasiado...


Um dia, passeando sem destino pelas ruas de Toulouse, encontramos o Marché Victor Hugo, bem no centrão da cidade! Era um prédio sem graça, branco, quadrado... mas, apesar da aparente "semgraceza" do local, levados pela nossa quase inexistente curiosidade, invadimos o local.

Fomos assim, meio que sem pedir licença, e encontramos o tesouro escondido no coração de Toulouse: queijo, pão, vinho, peixe, carne de coelho topetudo, boi, carneiro, pato, perú, frango, lula, polvo, ostras, caramujos, mariscos, caranguejos, lagosta, camarão...

Era tanta coisa, que nos demoramos um bom tempo lá dentro (e voltamos inúmeras vezes depois). Uma pequena amostra do que encontramos está aqui, um pouquinho da variedade dos queijos da região...

É queijo de tudo quanto é jeito: molhado, seco, mole, duro, fedido, cheiroso, feio, bonito... É só escolher um e levar pra casa... E como eram gostosos os queijos franceses... uma delícia!!!!

Mas claro, como não podia deixar de ser, coisas estranhas tinham que acontecer...

Lá, vasculhando o Marché Victor Hugo, avistamos algo inédito aos nossos olhos, avistamos um coelho rockabilly. Não sei por que, mas parece que os franceses têm a mania de comprar o coelho inteiro (não é a coxinha, o peitinho, o rabinho não... é tudo, tudinho)... aí, fica aquele bicho lá, morto, esticado, escalpelado... na verdade não é muito bom de ver não, mas, pelo bem da ciência, nós olhamos de tudo, inclusive coelho morto, até que avistamos um coelho fora do comum, muito estiloso, cheio de marra... fashion pra dizer a verdade... 

O bicho estava lá todo peladinho, esticadinho, igual a seus amiguinhos, mas tinha um diferencial, ele tinha um baita dum topete... Lá, sozinho, bem no topo do cucuruto, estava aquele tufo de cabelo cinza... acho que foi uma das coisas mais estranhas que eu vi até hoje... Imaginem um coelho morto, bem dentuço, sem pele e com um enorme topete cinza, pois é... esse era o nosso amigo Rockabilly Rabbit...

Dele, eu não tirei foto no dia, estava despreparada, mas daquele topete eu não esquecerei jamais!!!


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