quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Quatro olhos fundo de garrafa

Aos 29 anos, 6 meses e 14 dias, dei adeus à miopia e ao astigmatismo, que me acompanhavam desde que eu me entendo por gente. Ao todo, eram 7 graus no olho direito e 6,5 no esquerdo.

Foram anos e anos procurando os óculos às apalpadelas, não enxergando o relógio no meio da noite e vendo tudo embaçado sem o meu fundo de garrafa.

Mas hoje isso mudou, resolvi fazer a tão sonhada cirurgia refrativa. A ideia toda foi meio de improviso, não estava pensando em operação. Mas, como uma coisa leva à outra, quando dei por mim, já tinha marcado a data para entrar na faca.

Os momentos que antecedem a cirurgia são tensos e angustiantes. A gente pensa, será que vou ficar cega? Será que vão furar meu olho? Dá vontade de dizer, “Não dotô, não fura meu ôio não!!!”

Mas a gente acaba não dizendo nada e passa por corajoso.

No entanto, como na minha vida nada é muito como manda o figurino, na minha vez, é lógico que a máquina tinha que dar problema. Estou lá eu, deitadona na maca, toda apreensiva, depois de receber algumas gotinhas de um colírio anestésico, quando me empurram pra baixo de um trambolho bege e me mandam olhar para a luz.

Vá para a luuuuuuuz, vá para a luuuuuuuz!

Era uma luz piscante, laranja-avermelhada. Piscava num ritmo enervante. Neste momento, me enfiaram no olho um arregalador de olhos, para eu não piscar enquanto o laser fazia o seu trabalho.

Muito bem, estou eu lá com meu lindo olho castanho esbugalhado, quando descubro que a máquina está com problemas: o laser não está calibrado como deveria (será que é um pneu???). Tiraram-me debaixo do trambolho e disseram: só um momento, pois temos de recalibrar o laser.

Quê? Bem na minha vez? Tinha que ser o Chaves, mesmo!

Enquanto calibravam o tal do laser, o trambolho bege soltou vários uivos estranhos, me assustando mais ainda, até que me informaram: Pronto, chegou a hora!

Pensei, é agora que eu me lasco!

Lá me empurraram de novo pra baixo do troço, esbugalharam meu olho esquerdo novamente, passaram umas espátulas com alguns produtos, acredito que esterilizantes, no olho e me mandaram olhar fixamente para a luz.

Ai, que medo de mexer o olho!

E começou aquela barulheira. Ta ta ta ta ta ta ta ta ta ta. A vista vai ficando enevoada, fica cada vez mais difícil de ver a luz, até que só se sente um cheirão de queimado...

Churrasquinho de Patricia, pensei.

Depois da catinga a la churrasquinho de gato, passaram mais um produto e colocaram uma lente protetora. Começou então a preparação do olho direito.

Ai, tudo outra vez! Mais churrasquinho!

Antes da saga no olho direito, escutei uma voz feminina exclamar algo parecido com “Noooossa!” Realmente, pareceu que tinha dado algo errado, mas continuaram assim mesmo.

No final de tudo, o médico me disse que tinha dado tudo certo, não sei se acreditei, mas agora era tarde e Inês já era morta... Só sei que não doeu nadinha e foi muito rápido, o procedimento não dura mais do que cinco minutos. O medo inicial não tinha mesmo razão de ser. Já saí da maca enxergando, muito mais do que quando havia deitado. É uma diferença impressionante.

Saí um pouco tonta, é verdade, mas isso logo passou e comecei a ficar eufórica por, mesmo embaçado, conseguir enxergar mais do que sempre enxerguei.

A técnica utilizada foi uma tal de PRK, que tem o pós-operatório um pouco mais desconfortável do que sua prima, LASIK, mas que nem é tão ruim assim. Ainda não posso ler nem forçar muito a vista, pois dói um pouquinho, mas já consigo distinguir objetos antes irreconhecíveis. Agora, preciso ficar três dias na escuridão, e sempre de óculos escuros. Acho que nunca fiquei tanto de óculos escuros quanto hoje e provavelmente as semanas que virão.

Amanhã é dia de voltar ao consultório para ver o resultado. Parece que, de agora em diante, abandonarei meu fundo de garrafa e, de cinco olhos, passarei a ter só três.

Boa sorte pra mim!!!

P.S.: quem escreveu isto fui eu, Luizpédia, já que a dona do blog não pode nem olhar para monitores durante estes dias de escuridão total. Ela ia ditando e eu ia escrevendo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Dia das Crianças pede: Avaiana de Pauuuuu...


Agora com a versão em inglês... hahahahaha...
Avaiana the wood...

Feliz Dia das Crianças...


FELIZ DIA DAS CRIANÇAS... 
FAÇA FELIZ A CRIANÇA QUE EXISTE DENTRO DE VOCÊ!!!

PS. O post original saiu um pouco revoltado, então reformulei e saiu isso aí!

domingo, 10 de outubro de 2010

Die Dame: Hildegard Knef...

Hildegard Knef nasceu em 28 de dezembro de 1925, em Ulm, no sudoeste da Alemanha. Atriz, pintora, desenhista, escritora e cantora, Knef cativou milhares de fãs em seus 76 anos de vida.

No entanto, nem tudo foram rosas para ela. Perdeu o pai ainda bebê. Aos 18 ela sonhava em ser pintora, queria tanto que conseguiu uma bolsa de estudos, para desgosto de sua mãe. Depois de adentrar no meio artístico da primeira metade do século XX, Knef conseguiu, em 1940, um financiamento para estudar dramaturgia, profissão não muito bem vista na época, em plena Segunda Guerra Mundial.

Ali, ela começou sua carreira de desenhista de filmes animados e virou frequentadora da escola de cinema de Babelsberg, em Berlim. Por causa de sua personalidade, e beleza, estreou no cinema alemão em 1944, no filme Träumerei (Devaneio), de Harald Braun, tendo suas cenas cortadas na hora da edição.

Nos últimos dias da guerra, para evitar ser estuprada pelos soldados soviéticos, Knef tentou fugir de Berlim vestida como homem. Seu disfarçe a ajudou quanto à violência sexual, porém não a livrou de ser capturada, espancada e enviada para um campo de prisioneiros de guerra. Ela conseguiu fugir e tomou o único rumo que podia, as ruínas de Berlim.

Reconstruindo a vida no pós-guerra, Knef voltou ao cinema e estrelou o filme Die Mörder sind unter uns (Os assassinos estão entre nós), em 1946, papel que lhe rendeu o estrelato e um convite para brilhar em Hollywood, desde que aceitasse duas condições: mudar o nome para Gilda Christian (Gilda Cristã, olha só a ironia) e fingir ser austríaca, já que alemães não estavam muito em alta na época por causa do pequeno bigodudinho. Foi nesse momento que Knef mostrou sua forte personalidade, recusando-se a ceder às exigências hollywoodianas e voltando para Alemanha.

Sua carreira continuou brilhando em solo germânico, até o momento em que ela se tornou protagonista de um dos maiores escândalos do cinema alemão, aparecendo nua no papel de uma modelo para estudantes de desenho no filme Die Sünderin (A pecadora), de Willi Fort, em 1951. Foi a primeira nudez do cinema alemão e a igreja católico fez um escândalo, mas Knef somente comentou: "Não posso compreender todo esse tumulto cinco anos após Auschwitz!". 

Ela foi duramente criticada pela opinião pública e discriminada a ponto de não poder mais frequentar restaurantes e lugares públicos, sendo, então, obrigada a deixar a Alemanha.

Em 1952, com o apoio do primeiro marido (ela teve três), o americano Kurt Hirsch, Knef tentou brilhar em Hollywood pela segunda vez, mudando seu nome de Knef para Neff, pois os americanos não conseguiam pronunciá-lo. Mesmo disposta, Knef somente conseguiu um papel de apoio na adaptação de Hemingway, The Snows of Kilimanjaro. Então, não se abalando com o ocorrido em solo norte americano, e depois de acalmados os ânimos alemães, Knef voltou à Europa e se tornou a estrela do cinema alemão, francês e britânico.

Depois de seu sucesso, Hollywood resolver dar-lhe uma terceira chance, dessa vez nos palcos da Broadway, no musical Silk StockingsKnef ainda tentou alegar que não sabia cantar, mas Cole Porter insistiu e proporcionou mais um momento de brilho na carreira da multitalentosa Frau Knef.

Em 1963, depois de brilhar na Broadway, e do segundo divórcio, desta vez com David Cameron, que lhe custou toda fortuna, Hildegard Knef resolveu trilhar um novo rumo, agora mostrando ao mundo sua voz rouca e profunda. Foi nesse momento que ela se tornou definitivamente a Grande Dama da Alemanha, cantando músicas consagradas e mostrando ao mundo suas próprias composições. Foram muitas músicas, letras, discos, shows, casamentos, doenças e mais de 50 operações. Knef lutou muito contra o câncer e a hiprocrisia, sempre com sua lingua afiada e sua disposição para brilhar. Em 1970 ela escreveu o bestseller autobiográfico Der Geschenkte Gaul: Berichte aus einem Lebem (O Cavalo de Recordações: Relato de uma vida). 

Ao completar 75 anos, e muita luta contra o câncer, Knef deu a volta por cima depois de 20 anos de silêncio discográfico, lançando seu último álbum. Foi aplaudida por toda Alemanha até falecer em Berlim, aos 76 anos de idade, em 1º de fevereiro de 2002, época em que estava casada com seu terceiro marido, Paul Schell. Lembrada até hoje, ela é a diva do cinema e da música alemã, dona de uma voz inesquecível.


(O título da música, traduzido por mim, é "Eu gostaria de ter na segunda-feira outro domingo", eu também !!!!!!)


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